Ontem, enquanto distraidamente me dirigia à janela para
observar o jardim das traseiras da casa, vislumbrei a filha do vizinho do andar
de baixo e o primo agachado na posição de quem se encontra a cagar. Certa da
minha intrusão num momento de privacidade, retirei-me embaraçada enquanto me
questionava acerca da veracidade da visão – o meu cérebro é dado a deleites
diurnos, pelo que a desconfiança me rege os dias. Após absorver a certeza do
episódio, abri a janela procurando o confronto com a criança, que me enfrentava
com o olhar, certa de não ter cometido um crime punível. Questionei-a acerca da
normalidade do seu acto, pelo que a criança me informou que a tia não o havia
deixado entrar em casa para satisfazer as suas necessidades e que se encontrava
aflito por ser abandonado pelos excrementos desnecessários ao seu corpo. Foi então
que o inquiri se achava normal cagar no jardim dos outros, encolheu os ombros,
pelo que acrescentei que se considera normal, me indique a sua morada para eu
lá poder cagar.