segunda-feira, 23 de julho de 2012

quotidiano

O jantar acompanha-se da televisão ligada distraidamente nas notícias por falta de futebol. A minha mãe pede-me que passe a salada, depois retribui-me o favor com guardanapos para limpar os beiços, a televisão a falar, ouço de vez em quando, morreram pessoas algures, alguém esfaqueou o pai por dinheiro, o marido queimou a mulher porque cansada de levar no focinho preparou a porta para sair, a china leva pessoas ao suicídio, portugal leva pessoas ao suicídio, o mundo leva pessoas ao suicídio. Agora lembrei-me da notícia da ucrânia a limpar as ruas das prostitutas, mendigos e animais vadios para o europeu à semelhança da minha avó a correr a limpar o pó não fosse o nosso senhor acompanhado pelo compasso na Páscoa descobrir a sujidade atrás dos móveis e não lhe retribuir os beijos. Escrevo e a televisão continua a falar-me, faço ouvidos moucos, perguntam-me se não sinto saudades de gente, ouço a televisão a esganiçar e respondo que não.