Aos vinte anos apercebeu-se da sua incapacidade para permanecer em relações amorosas normais, com tempos pessoais para reflectir sobre as emoções e períodos de arrefecimento depois de discussões aceleradas com prenúncios de ataques cardíacos ou mãos levantadas na esperança de uma parede para, deus me salve, não ser atingido nem atingir. Endiabrava-se com sensações murchas de espera e tolerância que lhe acrescentavam o respeito pretensioso que clamam prontamente os desapaixonados na busca de um aquecimento económico para os pés que não implique água quente. Exausto de um desamor permanente, resultado de emoções fervidas até à moleza, encontrou-se frente a um hospício, matriculou-se para seis meses procurando uma desequilibrada, com tendência para o dramatismo suicida, se aprontasse a partilhar sangues e resíduos e, sobretudo alguém indecentemente imoral, que realize trocas avultadas de culpas por suor.
