sábado, 3 de novembro de 2012

moedas

A minha mãe, uma moça nascida entre campos de milho, acreditava com base empírica, que tudo o que é semeado cresce. Então, munida do seu mealheiro de barro, que partiu para comprar linhas para as aulas escolares, dirigiu-se à terra fértil onde havia plantado feijões, agora crescidos como os nadadores exímios na sopa de ontem, e abriu um pequeno buraco onde plantou as moedas sobradas. Para não esquecer o local, espetou um pequeno pau, que mais tarde foi retirado pelo meu avô por desconhecer tão vantajosa função. A minha mãe nunca mais encontrou as moedas, por isso quem agora ocupar os campos junto ao ribeiro, com um chão repleto de moedas, tenha a delicadeza de partilhar a benesse com a pequena que cultivou o escudo, desconhecendo que a moeda perderia lugar para um euro traiçoeiro que aprecia jogos de escondidas na carteira.