domingo, 14 de julho de 2013

nocturno

Se Janeiro fosse e num balde trouxesse estas pedras do peito. Caem três gotas de música como pingos do nariz e assoo as notas musicais enquanto me desprendo da ambição para dar uns mergulhos no mar, se as algas se entrelaçam, atiro-me para o fundo. Sete mil palmos de terra em cima do meu corpo magro, estou enterrado na água oceânica e a pressão compadecesse da minha falta de empatia e sou uma criança autista esmagada pela pressão do corpo da mãe cessando a desorganização emocional. Quando descobri que as mães morrem, foda-se, porque morrem as mães? Atiro-me aos oceanos e a minha mãe água - minha mãe pressão, contrai-me o corpo e desembrulho-me. Mãezinha, nem sabia que era sobre ti. Tenho pensado no dia em que descobri que as mães morriam. De repente as noites cheias de remorsos e fantasmas, chamava por ti a meio da noite embaraçada por ser incapaz de pôr um pé fora da cama sozinha. Se tinha sete anos envergonhada, quando chamar por ti, mãe, aos setenta anos, colocarei os óculos escuros.