segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Azia

Qualquer coisa como nascer ao contrário. Ser embrião para dentro. O corpo a revirar-se em páginas de livro. Se me fodem hoje nunca mais acordo.
Entro na casa de banho e tento desaguar todos os rios de lágrimas, racionalizo que se chorar o suficiente, nunca mais. E, no entanto, o autocarro, as casas brancas, os prédios aladinos, o meu amor do lado de lá, uma Língua enrolada, corpos tapados, vontade de pisar estrelas do mar e adoecer para não partir. Se parto hoje, por uns minutos, parte-se para sempre. Se parto hoje, quebro.
Se voo, adeus casas brancas, a praia vestidas de roupões coloridos, a garça vagarosa a penar raios de sol entre peixes dourados.
Se voo,
Adeus.
Se voo,
Cessam as garças,
Estrelas do mar,
Caranguejos escondidos,
Versos em guardanapos,
Jantares preguiçosos sem luz nem velas.
Se voo,
Espero pelo abraço do camelo,
Pelos improváveis,
Um soneto,
Qualquer coisa de luz na roupa molhada.